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terça-feira, 1 de março de 2011

Sem justificativa.





Ninguém se importava com o frio que estava fazendo. Eu só me importava com o meu copo de uísque que já estava semivazio no balcão.
No canto do bar estava ele, ele e a putinha que ele tinha conhecido na véspera. Fumavam do mesmo cigarro e trocavam beijos.
Por favor, garçom. Mais uma dose.
Ontem ele me comeu.
O filho da puta me comeu e se satisfez.
A cama ainda está desarrumada olhando para meus poemas eróticos na parede. Eu cansei dessa imagem de arrogância e bravura.
Vou fumar um cigarro e beber meu uísque. Um brinde! Um brinde a idiota aqui que esquece o que ela pode ser.
O tempo ia parar você se lembra? Quando as coisas não eram amargas e o mundo era seguro. Você me guiou, me tocou com a sua língua e segurou os meus cabelos. Nos cobrimos com a aura da noite e a vontade da vida. A gente não soube cantar a mesma melodia nem sonhar no mesmo entardecer.
O som do meu cigarro se dispersou. Só porque eu tinha acreditado piamente que o pau dele dentro de mim iria fazer mais algum sentido.
Eu trago uma pedra dentro do meu peito apertado. Só sobraram alguns trocados e eu ainda não entendo por que ninguém se importa com o frio que está fazendo.



Rayane Ataíde

5 comentários:

Lira disse...

adorei...tu arrasasse mana !!

Marina morena disse...

O frio em um estado de espírito é mais gritante.

Lívia Ferreira disse...

Essa sensação nos faz mal e bem. E da ferida no peito aberta, exala um perfume inebriante.

Shirlena Ferreira disse...

a sutileza de uma mulher devassa!
bacana!

ly disse...

Arrasou mana. Me lembrou Nome próprio! haha Somos umas Camilas da vida... hahaha Ah! A pena, mana, preciso te dá! :*